O debate que importa

No complexo cenário atual, nosso desafio maior para 2022 é a viabilidade da prática política. As pré-candidaturas que se apresentam em oposição ao atual governo têm que estar comprometidas com a democracia plena que garanta as sucessões e as próximas legislaturas. Quando defendemos a democracia, combatemos a corrupção de forma ampla. Sem democracia não há possibilidade de combate aos corruptos.

O ex-juiz Sérgio Moro, que fracassou ao ingressar no atual governo e se tornou incapaz de julgar o ex-presidente Lula, numa condução nebulosa do processo, aparece como um possível candidato, aparentando ser uma versão amaciada do atual presidente Bolsonaro.
Há polarização? Neste momento estamos diante de várias vias políticas. O Cidadania vem muito bem representado por Alessandro Vieira, parlamentar pautado pela seriedade e o compromisso com a Constituição e com atuação crucial na CPI da pandemia. Estamos no campo democrático, firmes na defesa dos direitos fundamentais e no combate à corrupção. Somos defensores dos ideais progressistas, da Educação e da Saúde, da diversidade e das causas ambientais. No campo da esquerda não identifico candidatos do lado extremo. Lula, que conversa com Geraldo Alckmin, dá sinais de proximidade com o campo de centro-esquerda. O mesmo ocorre com Ciro Gomes. À direita, João Doria, Rodrigo Pacheco e Simone Tebet. Na extrema-direita, Jair Bolsonaro e Sérgio Moro. O ex-juiz confirma esse papel ao ser reconhecido pelo STF como incapaz na condução dos processos que eram da responsabilidade dele, ao não manter a devida distância do seu papel de magistrado com os procuradores e depois, como ministro da Justiça ao sugerir no pacote anti-crime, uma redução ou exclusão da pena do agente no excludente de ilicitude, uma licença para matar, que acabou rejeitada.

O combate à corrupção e ao crime é diário e permanente. Através do voto, temos o exercício democrático para prevalecer a boa política. Precisamos de programas macroeconômicos, precisamos de projetos de infraestrutura ambiciosos para fortalecer nosso sistema de transportes, precisamos de programas sociais efetivos no combate à pobreza, precisamos manter todos os jovens na Escola, precisamos fortalecer o Sistema Único de Saúde e dar respaldo aos nossos cientistas. Precisamos fortalecer a democracia e os direitos dos cidadãos. Precisamos de um projeto de país para as próximas décadas. Essa tem que ser a agenda de um candidato viável para fortalecer nossas instituições e atender às necessidades do país como um todo e não apenas a alguns grupos. As prioridades estão aí. Esse é o debate que importa.